Sustentabilidade: forma real de se fazer negócios

Flavia Rodriguez é presidente de Criativa Comunicação Integrada

Sustentabilidade não é novidade, mas algo convencional, e os executivos não podem mais considerá-la como uma moda ou símbolo de status para suas empresas, e sim uma forma real e lucrativa de fazer negócios. Esse é, em linhas bem gerais, o resumo de um artigo publicado recentemente pela Harvard Business Review que endossa, com números e dados, que adotar causas, sejam sociais ou ambientais, faz muito bem para o balanço financeiro das companhias.

O texto, assinado por Tensie Whelan, diretora de Negócios Sustentáveis da Stern School of Business da Universidade de Nova Iorque, e Carly Fink, pesquisadora na mesma instituição, traz à tona exemplos e números que comprovam que adotar causas sociais está além de uma maneira de ganhar a simpatia do público e, consequentemente, melhorar as vendas. É também uma forma de conquistar maior simpatia dos stakeholders, estar mais resistente a crises e, em alguns casos, promover inovação e até reduzir os custos de produção.

As autoras se debruçaram sobre uma série de estudos relacionados a empresas sustentáveis – considerando-se sustentável aquelas cujas operações não causam prejuízos às pessoas ou aos planetas e que criam valores para seus diversos grupos de interesse. Negócios sustentáveis, segundo o artigo da revista pertencente à Universidade de Harvard, estão redefinindo o ecossistema corporativo, fazendo surgir modelos que criam valores para todos os stakeholders, como fornecedores, sociedade civil, acionistas e empregados.

O artigo informa, por exemplo, que entre os anos de 2006 e 2010 as 100 maiores empresas sustentáveis do planeta conquistaram um aumento significativo em fluxo de caixa e retorno de ativos. Recorda também que, durante a recessão de 2008, essas firmas atingiram uma performance acima da média no mercado financeiro, traduzida em um aumento de 650 milhões de dólares no valor de mercado de cada uma.

Mas como as empresas poderiam realmente se beneficiar com investimentos no campo social e ambiental? Vejam, por exemplo, o caso de uma companhia de flores na Holanda, que, diante da concorrência das flores africanas e da regulação acerca do uso de pesticidas, criou um sistema em que as plantas crescem em meio hidropônico em estufas, reduzindo os riscos de infestação e o uso de fertilizantes e pesticidas. Com isso, houve, além de uma redução nos impactos ambientais, melhoria na qualidade do produto e aumento na competitividade global.

Outro exemplo de que adotar uma causa acaba por levar à inovação é o da empresa do ramo de papelaria que conseguiu reduzir os custos de produção com um programa para evitar o desperdício e a poluição. Para isso, redesenhou equipamentos e modificou processos. Já uma gigante da indústria química investiu cerca de dois bilhões de dólares para melhorar aproveitamento de recursos e economizou quase dez bilhões de dólares em água e energia desde 1994. Companhias que investiram para reduzir a emissão de carbono tiveram um retorno de até 80% no “gasto”.

Outra vantagem para as empresas é o engajamento dos empregados. Um estudo identificou que a moral dos colaboradores era 55% melhor em empresas altamente sustentáveis. Melhor ânimo e motivação resultam em menos absenteísmo e mais produtividade, que aumentaria em 16%. A sustentabilidade não apenas traz soluções para problemas, muitas vezes também pode ser motor importante para se fazer dinheiro.

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