Afinal, as máquinas vão mesmo nos substituir?

Flavia Rodriguez é presidente da Criativa Comunicação Integrada.

O futuro já aconteceu. Não é que nada será como antes, mas que nada é mais como era. Presenciamos a maior revolução da história da humanidade, com as mudanças desencadeadas pela tecnologia. Estamos diante do fim do mundo como conhecemos e, acreditem, isso é uma ótima notícia para quem souber aproveitar as oportunidades que chegam.

O futuro deixou de ser um lugar onde chegaríamos um dia para virar uma construção coletiva, da qual cada um tem que participar para garantir que essas transformações sejam benéficas para todos. Pode parecer que algumas coisas ainda estejam distantes, mas não estão.

Há mais de uma década acompanho o Festival de Criatividade de Cannes, o maior do mundo no setor da publicidade e comunicação, e confesso que este ano fiquei impressionada com a revolução da tecnologia. Impressoras 3D, big data, realidade virtual e inteligência artificial estão mudando a forma como nos comportamos, trabalhamos, consumimos, fazemos negócios e, é claro, nos relacionamos.

Mas, só para lembrarmos que as transformações estão muito além do mundo da comunicação, resgato alguns dados que, há até pouco tempo, seriam vistos como simples apostas da ficção científica: estima-se que no EUA até 2025 10% da frota de automóveis não dependerão de motoristas para circular e 30% do serviço de auditoria no mundo serão realizados por inteligência artificial.

Diante de tanta ousadia tecnológica, refletir se perderemos nossos trabalhos para as máquinas é inevitável. É certo que muitas das nossas funções estão sendo dissolvidas, só que, por outro lado, outras surgem a cada dia.

A inovação está cada vez mais presente em todo o processo produtivo e o que a tecnologia está fazendo é melhorar a nossa vida, aumentar nossa produtividade, nos tornar menos mecânicos. Nossas atividades se tornam cada vez mais cerebrais.

Um relatório da consultoria McKinsey prevê que 90% das profissões não vão desaparecer, apenas serão aperfeiçoadas. É preciso, portanto, que cada profissional esteja preparado para um novo mercado, que passa a exigir cada vez mais colaboradores multidisciplinares.

Eu acredito na união do homem com a máquina. Aplicativos monitoram, por exemplo, a saúde das pessoas, auxiliando no tratamento e prevenção de doenças, mas nunca substituirão um médico. A inteligência artificial permite a conversa entre gente e computadores, mas não oferece o abraço das comemorações ou ombro dos momentos difíceis.

O ser humano tem algo que a máquina nunca terá, a sensibilidade e a criatividade. Máquinas podem ter inteligência artificial, fazer cálculos gigantescos em milésimos de segundos, mas nunca terão coração, consciência e emoções. Nem história de vida, sonhos, angústias. Enfim, nunca terão a inexatidão da existência humana, elemento essencial para a criatividade. E é a partir da criatividade que despertamos emoções. Não criamos conexões, convencemos ninguém a nada sem usarmos também a emoção. Unir criatividade com tecnologia é, portanto, a grande revolução dos negócios.

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